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Contributo de Bruce Hallman
Tradução de Fernando Fonseca
Diferentes Filtragens:
Filtragem biológica
Filtragem biológica é o termo aplicado à ajuda que se pode
dar para que as colônias de bactérias transformadoras da amônia se desenvolvam.
É tão importante para a saúde do aquário, que devemos estudar mais
detalhadamente como se processa. (Existem outros tipos de poluição que podem
causar problemas, mas a mudança parcial e regular de água também os evita).
A Mãe Natureza fornece vários tipos de bactérias que transformam a amônia em
compostos progressivamente menos tóxicos. Primeiro as nitrosomonas transformam
a amônia em nitritos, depois as nitro bactérias, transformam os nitritos em nitratos. Ambas
estas bactérias não implicam qualquer perigo e são muito abundantes na
natureza. São tão abundantes que não há necessidade de introduzi-las no
aquário. A natureza faz por nós. Em presença de amônia e oxigênio essas bactérias multiplicam-se naturalmente, fixando-se nos vidros e equipamento do aquário, rochas, areão e até nos objetos decorativos. Note-se que não falamos ainda na filtragem física, porque a filtragem biológica requer somente:
1. Uma
superfície de fixação
2. Amônia
como alimento
3. Água
rica em oxigênio
Isto parece muito simples; então porque precisamos de uma
filtragem física?
Na realidade, se limitarmos o número de peixes ao que a filtragem biológica
pode comportar e resolver, não necessitamos de uma filtragem física.
Infelizmente, não é possível ter vários peixes num aquário só com a filtragem
biológica. Nas últimas décadas, o aquariofilista tem visto aparecer muitos novos tipos de filtros biológicos, concebidos para aumentar o mais possível a capacidade de fixação da colônia de bactérias, para estas poderem satisfazer as necessidades do aquário. Essencialmente todos estes tipos de filtros têm em vista proporcionarem uma maior superfície de fixação das colônias com um respectivo aumento de oxigênio dissolvido na água.
Filtragem mecânica (física)
Lembremo-nos de que a amônia vem diretamente das guelras
dos peixes e também da decomposição dos dejetos e restos de comida. Se pudermos
filtrar mecanicamente esses produtos (partículas sólidas) antes da sua
decomposição adiantamos um passo. Isto, não mencionando já, que esses produtos
estragam a beleza de um aquário.
Em poucas palavras, a filtragem física é a retenção num filtro das
partículas sólidas em suspensão na água do aquário. A filtragem física não
remove diretamente a amônia dissolvida na água, nem qualquer outro produto
dissolvido. As matérias filtrantes mais vulgares não retêm bactérias e algas,
nem quaisquer sólidos fixados no areão, plantas ou decorações. É necessário recorrer a outros processos para remover essas partículas sólidas. Um dos mais fáceis, é o de aspirar o areão, quando se faz a mudança periódica da água. (Note-se que aqueles aquários de água salgada que usam “substratos vivos” são uma exceção). Alguns aquariofilistas instalam bombas de circulação, conhecidas por bombas de ondas, para aumentarem a possibilidade das partículas sólidas serem captadas pelo filtro.
As quatro mais vulgares matérias de filtragem física são a esponja, cartuchos de celulose, fibras soltas e fibras agregadas em cartuchos, sendo as fibras laváveis até certo ponto (NT.1). Os cartuchos de fibras agregadas e os de celulose proporcionam uma filtragem mais fina e as esponjas e fibras soltas, a menos fina.
Quanto menores os poros da matéria filtrante, mais fina a filtragem, mas também mais rápida a colmatagem. Outra regra básica é a de que quanto maior a superfície filtrante mais lenta a colmatagem, por outras palavras quanto maior for o filtro, mais espaçada é a sua limpeza ou substituição. Consoante a matéria filtrante se for enchendo de partículas, mais apertada vai sendo a passagem e, portanto as partículas retidas cada vez vão sendo menores, até que a água deixa de passar.
EM RESUMO: Um bom filtro mecânico é aquele que retém suficientes partículas para manter a água limpa, sem colmatar rapidamente.
NT.1- Na prática está verificado que cada lavagem de uma matéria filtrante reduz a sua eficiência em 20%,i.e, após cinco lavagens a matéria está inutilizada.
Filtragem química
Em poucas palavras, a filtragem química é a remoção de
poluentes dissolvidos na água. Esses poluentes existem a nível molecular e
podem dividir-se em duas categorias: polares e não polares. O
método mais comum de filtragem química é a utilização de carvão ativado, que é
mais eficiente com os poluentes não polares (embora retenha também os polares).
Outro método eficiente é o da utilização de escuma dores, os quais removem os
poluentes polares, tais como produtos orgânicos dissolvidos.
O carvão ativado granulado (GAC) é fabricado a partir de carvão vegetal
aquecido na presença de vapor a alta temperatura. Este processo provoca a
formação de inúmeros pequenos poros, os quais retêm poluentes não polares a
nível molecular por adsorção e troca de íons e removem metais pesados e/ou
moléculas orgânicas, as quais são fonte de cores e odores indesejáveis. O melhor carvão ativado para filtragem de água é o vegetal com macroporos (poros grandes). Um bom carvão desse tipo é menos denso e “sibila” e flutua quando em contacto com a água pela primeira vez. O carvão ativado para remover os odores da poluição atmosférica, é feito com casca de coco e é microporoso (poros microscópicos). É um carvão mais denso.
Alguns aquariofilistas (especialmente os dedicados aos aquários de recife) preocupam-se com a libertação de fosfatos pelo carvão ativado. Recomendamos a compra de carvão produzido por reputados fornecedores de produtos para aquário, que durante o fabrico minimizam o conteúdo de cinzas pela lavagem do carvão com soluções ácidas. Os carvões com baixo teor de cinzas também têm menos possibilidade de alterarem o pH, além da menor libertação de fosfatos.
Os fosfatos existem no carvão ativado pela simples razão de esse carvão ter sido originalmente matéria vegetal viva. Toda a matéria viva é rica em fosfatos. A sua libertação é mais elevada inicialmente e tende a diminuir com o tempo. Portanto o problema pode ser significativamente minimizado se o carvão for posto em água durante umas semanas, antes de ser usado no aquário.
Outros aquariofilistas preocupam-se com a remoção de elementos raros feita pelo carvão e que são necessários ao crescimento de plantas e de invertebrados. Esses elementos raros são um problema em aquários com plantas e em mini-recifes, com ou sem uso do carvão. Mas os benefícios potenciais do uso do carvão no seu conjunto superam as desvantagens. Se o problema da diminuição de elementos raros for uma preocupação deve ser usado um suplemento desses elementos em conjunção com o carvão.
O carvão ativado só pode ser recuperado em laboratório, mas, felizmente, é suficientemente barato para poder ser usado sem a preocupação de reutilização. Deve ser sempre lavado antes da utilização para remover poeiras acumuladas durante a operação de embalagem e transporte. Chama-se a atenção sobre as quantidades a usar, mas pequenas porções mudadas com maior frequência parecem dar melhores resultados. Como experiência, meia chávena por cada 75 l de água é o ponto de começo recomendado. Em resumo, o carvão é uma excelente e barata matéria filtrante, vivamente recomendada para todos os aquários.
Existe uma variedade de produtos para a filtragem química, especialmente criados para remover determinados produtos. Um dos mais comuns é obtido da argila zeolita (também usada em gravilhas para caixotes dos gatos). Existem vários nomes desse produto no mercado como “Amo-Carb”. Estes produtos removem a amônia da água e são bons para uso em curtos períodos. O aquariofilista deve saber que se usar zeolita, especialmente no ciclo de um novo aquário, o estabelecimento da filtragem biológica pode ser atrasado ou mesmo interrompido.
Os escuma dores de proteínas são fundamentalmente usados em aquários de água salgada, particularmente nos de recife. Têm uma especial e notável capacidade de remover matéria orgânica dissolvida antes que se decomponha. O processo baseia-se em tirar vantagem da natureza polar das moléculas orgânicas causarem a sua atração para a superfície das bolhas de ar injetadas numa coluna de água. A espuma resultante é retirada mecanicamente e eliminada.